domingo, 5 de abril de 2009

Permitam-me também Olhar Nos Olhos

Como tantos há a comentar e como tantos há a defender a liberdade de expressão, vou permitir-me comentar alguns dos comentários (salvo a redundancia) de Narciso Miranda no seu Programa de dia 26 de Março de 2009 na Rádio Clube de Matosinhos, deixando a nota de que seria um programa bem mais interessante se permitisse a discussão aberta dos temas comentados.

A propósito de críticas de Mário Soares ao PS - "Ele é um homem de grande credibilidade e se soubesse o que se passa em Matosinhos ficava escandalizado. É um homem de princípios e de causas... Tenho muita pena de dizer isto porque estamos numa terra de liberdade e de solidariedade, mas em Matosinhos o que está a acontecer são muitas coisas más. Era tão bom quando Mário Soares nos ensinava a sermos livres. Ele era e é o meu verdadeiro mestre. Há pessoas que são candidatas pela sua mesquinhez a pequenos tiranos (...) Compreendo o desencanto de muito socialistas matosinhenses. Sei que muitos já estão arrependidos de terem votado PS. Sou solidário com eles".

Acho inacreditável a habilidade e engenho aplicadas para direccionar os comentários de Mário Soares , sem duvida homem de grande credibilidade e com um sentido de estado pautado pela sua grande experiencia, que publicamente se sentiu na obrigação de lançar alguns alertas a quem governa os nossos destinos obviamente em contexto construtivo e nada alheado de medidas de bom desempenho do governo, para o panorama politico de matosinhos. Até onde vai a necessidade de protagonismo de quem se diz socialista.

Prejuízos na Metro do Porto - "Afinal quando Narciso Miranda saiu da Metro, tudo piorou. Narciso Miranda saiu da Metro e não se fez mais um metro de linha em Matosinhos...".

Gostaria de ver relativamente ao assunto do Metro um comentário sério e não uma série de frases soltas de alguém que se sente despeitado pelo facto de ser questionado quanto ao seu desempenho enquanto administrador da Metro do Porto.
Prejuízos como o identificado não surgem de um dia para o outro, quem lá esteve, viu contas, asssistiu a negociações, contribuiu com o seu desempenho nos destinos da empresa, terá algo mais a dizer sobre o Metro do Porto do que aquilo que se lê.
Uma duvida paira ainda na minha mente, porquê que só quando Narciso Miranda sai da Metro do Porto é que re-começa a reinvindicar uma solução de Metro para Leça da Palmeira?


Denúncia da CDU sobre cartazes vandalizados por equipa de NM (e GP quer criar leis sobre colocação de propaganda) - "Essa situação foi facilmente ultrapassada porque trata-se de uma empresa que está a trabalhar em nome da gráfica que produziu o meu livro... A gráfica tem todo o interesse em promover o meu livro porque ganhará os lucros das vendas. Eu já liguei a membros do PCP para lhes pedir desculpa pelo equívoco da gráfica. Quanto ao que o presidente da Câmara está a fazer, falaremos em tempo oportuno, mas acho que há coisas a passarem-se em Matosinhos de uma gravidade extrema. Há pessoas muito pequeninas que não têm dimensão para os cargos que ocupam (...) O presidente da Câmara está a destruir o direito à opinião. Está a roubar, ou mandou funcionários roubarem, estruturas da candidatura independente de Narciso Miranda. Vou requerer que me certifiquem estas decisões, mas já sei que isso não existe porque foram dadas por telefone à boa maneira dos ditadores e dos déspotas da América Latina e do mundo Africano. São pessoas que não estão preparadas. Até tenho pena. O que está a acontecer em Matosinhos é muito grave. Tenho pena porque sou moralmente responsável. Confiei em pessoas que não mereciam que confiasse nelas. Confiei em pessoas que viveram sempre à custa de que tem realmente dimensão para determinados cargos".

Esta situação é claramente para quem a lê em toda a sua dimensão, um bom exemplo de como a bem dos amigos, de confianças e desconfianças e sobretudo de interesses, sejam estes o poder, o protagonismo ou mesmo o puro lucro, se empolam situações que só ajudam a denegrir a politica. Acreditem que a população não é assim tão ignorante, sabe distinguir desputismo, sabe o que são e para que servem as campanhas publicitárias… afinal ” levamos” com publicidade e divulgação de tudo e mais alguma coisa todos os dias, em todo o lado. Sabemos bem os custos e os ganhos que envolvem, para que servem e a quem servem. Haja regra, haja decencia, sobretudo haja respeito e se existem leis que se cumpram. Pelo que tenho visto, não faltam cartazes nas ruas e iniciativas para promover tudo e todos. No meu entender a Liberdade de Expressão só faz sentido aliada ao Respeito e parece que este segundo valor anda a ser esquecido na sua plenitude.


Visita do secretário de Estado da Educação - "Eles vêm em média dois/três por semana. Não trazem muito mas são muito simpáticos. São forçados a vir a Matosinhos porque como não há obra visível em Matosinhos, pretende-se dar alguma visibilidade aquilo que se fez através da vinda de membros de Governo...".

Depois de, entre outros, terem sido atribuidos investimentos ao Aeroporto Sá Carneito, no Porto de Leixões, no Terminal Multiusos, na renovação da Ponte Movel, ao Programa “Matosinhos Activo” com 241,8 mil euros empregues no combate à pobreza e exclusão social e mais recentemente duas novas escolas secundárias, para Leça da Palmeira e Matosinhos não será legitima a presença constante secretários de estado em Matosinhos. Parece-me que não há obra em matosinhos para quem não a quer ver. Considero desprimoroso este comentário de quem por algum tempo deixou em suspenso a sua paixão pelos matosinhenses para se dedicar a ser secretário de estado da Administração Marítima e Portuária, ou seja a ser simpático e a fazer aparições sem grande consequecia. Será que em 29 anos á frente dos destinos matosinhenses nunca deu visibilidade aos seus feitos através da vinda de membros do Governo?

Lançamento de livros de crónicas - "Tem muitas previsões que se concretizaram. Algumas infelizmente como as dificuldades financeiras da Câmara ou o fracasso da Exponor XXI ou a especulação à volta de terrenos prometidos para hotéis (...) Eu não mudei! Faço política partidária e cidadania da mesma forma... Só cometi um erro que foi ter confiado demais em alguns que não devia ter confiado".

Como ouvi alguém dizer estamos numa altura em que existem muitos a escrever e muito poucos a ler. Sem obviamente tirar o valor a quem durante 29 anos consecutivos geriu os destinos de matosinhos e trabalhou para o seu desenvolvimento, esperava um pouco mais. Esperava que ao propor-se como candidato aos destinos de matosinhos o fizesse, desta feita, olhando para o futuro e não para o passado. Nostradamus existiu só um e as profecias políticas são dificilmente concretizaveis, vivem do jogo de influências, das pressões dos lobbys, da capacidade de investimento público e muitas vezes privado. Continuo à espera do olhar para o futuro, das propostas, das ideias a olhar para a frente, em detrimento do realçe e das reinvindicações do passado que só ajudam a mostrar que o que move a candidatura independente não é servir matosinhos mas um simples ajuste de contas, o que deita por terra muito do merecido mérito pelos 29 anos de obra feita.

Cláudia Miranda
Matosinhese

2 comentários:

Carlos Alberto disse...

Cara camarada,
parabéns por terem ressuscitado este espaço. Parabéns, também, pelo artigo que vou copiar lá para o meu espaço.

JOSÉ MODESTO disse...

Sobre a "guerra" dos cartazes escrevi:

Caros Matosinhenses
O que é o Outdoor Comunitário?

Nada mais nada menos do que a sua opinião.
E a sua opinião conta…

Ele está presente em muitos países na Europa, os Cidadãos através da sua Câmara local colocam informação
de interesse sócio cultural.
Digital, o Outdoor Comunitário é um meio de alerta para aquilo que se passa na nossa Cidade.

Matosinhos já pensou nisso?
Vamos pensar?

O Outdoor Comunitário, previamente calendarizado através da Câmara ou Junta de Freguesia permitiria aos cidadãos
exporem as suas ideias, acções e problemas sociais etc. etc. sobre a nossa cidade, este tipo de informação visaria somente os problemas
de carácter sócio cultural.
Exposições de textos informativos, fotografia, saúde, ambiente etc. etc. estes Outdoors iriam mesmo ser o Antibiótico
Profiláctico que a nossa cidade precisa… as opiniões dos cidadãos são importantes e muitas das vezes elas são a solução
para o problema.

Através de uma ida ao seu Município, os cidadãos eram convidados a apresentarem o seu texto, a sua ideia ou a sua opinião
de forma pacifica e desde que os mesmos não utilizassem linguagem indecorosa ou menos própria, seguidamente a Câmara
ou a Junta de Freguesia colocaria a informação via computador e daí directamente para o Outdoor Comunitário.

Nos transportes públicos, em zonas de grande circulação de pessoas, nas paragens de autocarro, nos jardins
O projecto Outdoor Comunitário viria de facto resolver muitas questões que a Cidade precisa.

Saudações Marítimas
José Modesto